17 de abril de 2015

Algures, lá atrás,

Algures lá atrás, quando era aquela pessoa que era antes, perdi os sonhos de vista. Sonhei-os e perdi-os, sabe lá a vida porquê, com o andar dos tempos. Sempre faltou alguma coisa, entre tempo e oportunidades, até faltarem eles mesmos, cansados de serem apenas pensados.

Acho que hoje sei que os sonhos são muito do que somos.

Um sonho adiado, por não acreditarmos ser capazes, é reflexo da pessoa adiada que somos. Que sou.

Adiar ser mais saudável e mais confiante, adiar amar de forma mais completa e ser mais feliz. Adiar ser organizada e mais activa.

Não é fácil abandonarmos os caminhos que percorremos tantos anos, nem é simples deixarmos de ver o mundo pelos olhos que nos acostumámos a usar.

Mas é especial, nesta fracção de lucidez poética, acreditar que ainda há tempo para ser diferente. Para realizar todos aqueles sonhos e para voltar a estar satisfeita comigo mesma. Para sentir que se sonho, posso e mereço.

Algures lá atrás ficaram mil planos, fáceis de delinear porque a vida era jovem e nada era impossível. Não há muito que não possamos tentar, nem assim tão tanto que me seja negado alcançar.

O único bem necessário é ser capaz de agarrar esta fracção e torná-la minha por inteiro, sem mais nem quê, assim só, como era no tempo em que eu era aquela pessoa de antes.