30 de dezembro de 2014

Ano novo, sucede.

Caindo nos clichés, chegada a altura de balanço, do tanto que se pensou e se deixou por realizar, das apostas e dos sonhos, dos projectos e das metas, dos saldos e dos lamentos... Calha-me a vez de pensar em ser melhor, de acreditar piamente que no próximo ano é que vai ser, que vou ser mais determinada, que depois deste vai tudo encarreirar.
Este ano, que ano, olho o que me rodeia com um pouco menos de cinismo, as coisas são como são, e mundo permanece imune às nossas vidas tão importantes para toda a gente, menos para nós enquanto assim deixarmos que seja.
Este ano, que termina, termina quieto, de mansinho, com lágrimas de comoção ao contemplar o rol de erros que fomos capazes, ao enumerar as coisas que devia ter feito e por falta de ambição ao meu projecto pessoal fui apenas fazendo.
Este ano, de tantos altos e baixos, termina de facto, com a esperança que nele, por razões variadas, se feche um ciclo de vícios e escolhas errantes, não nas pequenas coisas como na preguiça ao exercício ou na gula, não nos livros que ficaram por ler e nos concertos a que não fui, mas na teimosia em não correr pelo que quero, pelo que sonho, pelo que espero conquistar.
Neste ano, no novo ano que espreita, espero apenas que venha, que venha e que eu o possa usar, de facto, como a folha em branco que tanto precisei para voltar aos eixos dos sonhos, para calibrar as metas e os objectivos, sobretudo para ir mais longe e mais do que todo o resto, para ser melhor.

7 de dezembro de 2014

Visto assim de lado

Como quem não quer muito nem pouco a coisa, olhamos na medida certa sem comprometer, está para ficar ou está bom para ir?, e os dias passam e o momento há-de vir, e sabemos, disso sabemos, que visto assim de lado, sem pensar muito nos afins e nos consoantes, que o caminho se vai compor, ficando ou indo, havemos nós de nos resolver.
Perdem-se os amores ou perdem-se as oportunidades, e outro tanto se ganha quando mais se perde, que o destino é de incógnitas mas vai a ver-se e está tudo feito como tem de ser.

26 de novembro de 2014

Privilégio de ver com o que se sente


Tenho dois amores. Mil amores. Tudo num amor só, que é amor só meu.
Passam-se dias, de chateada, e eu continuo assim embeiçada, feita perdida naquele enguiço, como se o mundo não fosse mais do que isso.
Há quem procure a felicidade e se perca em dúvidas do que isso é. 
Perdi-me eu, nestas voltas melosas, sabendo que encontrei o caminho meu, desconhecendo do resto todo, agora que faço eu?


8 de novembro de 2014

Chá verde, um toque de canela

As relações tocadas pelo que acreditamos ser amor têm o condão de ser, por si só, tudo e nada, e acredito que é possível encontrarmos ao acaso, mais que um tudo, mais que um nada, apaixonarmo-nos as vezes que forem, irmos ao encontro do que os ventos do coração acreditam como ideais.

Há, no entanto, diferenças entre estar apaixonado, como quem sente uma brisa boa que chega e que passa, e permanecer nesse estado de graça, com a esperança alegre, perto da certeza assustadora, que é amor, que é para ser amor, que encontrámos o nosso amor, merecedor de maiúscula, não pelo valor que também lhe reconhecemos, mas pela avassaladora imensidão de mudanças que causa em nós.

Não sei precisar que diferenças todas são estas de que vos falo, detalhes simples e subtis, que causem a distinção entre o muito bom e o excelente.
A fórmula exacta, para vos exemplificar em meias palavras, passa pelo sentir, porque a vida tem tantas formas de ser vivida, nenhuma intensa como o que se vive sentido.

E sente-se o Amor da mesma forma como se pega numa caneca de chá verde, chove lá fora, é mais uma caneca de chá, já bebemos algumas e sabe bem, sabe sempre bem. Mas quando sentimos o toque de canela, continua a chover, e somos inundados por uma sensação de reconforto, doce e plena... sabemos.
Era isto. Era isto que faltava para fazer do muito bom o melhor. Do melhor, o extraordinário.

Assim é, o Amor, tão parecido a tudo e a nada, tão parecido a este chá verde, com um toque a canela. Tão parecido ao olhar encantado e silencioso que deitamos ao nosso outro, apaixonado: eras tu, eras tu que me faltavas.

6 de novembro de 2014

Num instante

Perdida de amores e perdida de amores por esta cidade.

We've come a long way

Mais ou menos perdida nas voltas que a vida dá, hoje é dia de recomeçar.
Reiniciar uma parte do que sou, aqui, sem esquecer cada história que atrás se estende, cada singular conquista e as tantas falhas que ainda estão a decidir-se no caminho. 

Não gosto, confesso, de mudanças, de novos contactos, não porque receio as novidades do futuro mas porque o passado se me apresenta como uma mão segura que é difícil largar.
No entanto, hoje é um dos primeiros dias do resto da minha vida.
O meu nome é Catarina e não vou pegar aqui como numa folha em branco. Hei-de partilhar muita coisa que se escreve apenas no verso e no rodapé, que se rabisca sem futuro e que se erige no meio de uma virgem folha apenas para nos lembrarmos da sua força.
Volta e meia, meia volta, estou por aqui.