26 de novembro de 2014

Privilégio de ver com o que se sente


Tenho dois amores. Mil amores. Tudo num amor só, que é amor só meu.
Passam-se dias, de chateada, e eu continuo assim embeiçada, feita perdida naquele enguiço, como se o mundo não fosse mais do que isso.
Há quem procure a felicidade e se perca em dúvidas do que isso é. 
Perdi-me eu, nestas voltas melosas, sabendo que encontrei o caminho meu, desconhecendo do resto todo, agora que faço eu?


8 de novembro de 2014

Chá verde, um toque de canela

As relações tocadas pelo que acreditamos ser amor têm o condão de ser, por si só, tudo e nada, e acredito que é possível encontrarmos ao acaso, mais que um tudo, mais que um nada, apaixonarmo-nos as vezes que forem, irmos ao encontro do que os ventos do coração acreditam como ideais.

Há, no entanto, diferenças entre estar apaixonado, como quem sente uma brisa boa que chega e que passa, e permanecer nesse estado de graça, com a esperança alegre, perto da certeza assustadora, que é amor, que é para ser amor, que encontrámos o nosso amor, merecedor de maiúscula, não pelo valor que também lhe reconhecemos, mas pela avassaladora imensidão de mudanças que causa em nós.

Não sei precisar que diferenças todas são estas de que vos falo, detalhes simples e subtis, que causem a distinção entre o muito bom e o excelente.
A fórmula exacta, para vos exemplificar em meias palavras, passa pelo sentir, porque a vida tem tantas formas de ser vivida, nenhuma intensa como o que se vive sentido.

E sente-se o Amor da mesma forma como se pega numa caneca de chá verde, chove lá fora, é mais uma caneca de chá, já bebemos algumas e sabe bem, sabe sempre bem. Mas quando sentimos o toque de canela, continua a chover, e somos inundados por uma sensação de reconforto, doce e plena... sabemos.
Era isto. Era isto que faltava para fazer do muito bom o melhor. Do melhor, o extraordinário.

Assim é, o Amor, tão parecido a tudo e a nada, tão parecido a este chá verde, com um toque a canela. Tão parecido ao olhar encantado e silencioso que deitamos ao nosso outro, apaixonado: eras tu, eras tu que me faltavas.

6 de novembro de 2014

Num instante

Perdida de amores e perdida de amores por esta cidade.

We've come a long way

Mais ou menos perdida nas voltas que a vida dá, hoje é dia de recomeçar.
Reiniciar uma parte do que sou, aqui, sem esquecer cada história que atrás se estende, cada singular conquista e as tantas falhas que ainda estão a decidir-se no caminho. 

Não gosto, confesso, de mudanças, de novos contactos, não porque receio as novidades do futuro mas porque o passado se me apresenta como uma mão segura que é difícil largar.
No entanto, hoje é um dos primeiros dias do resto da minha vida.
O meu nome é Catarina e não vou pegar aqui como numa folha em branco. Hei-de partilhar muita coisa que se escreve apenas no verso e no rodapé, que se rabisca sem futuro e que se erige no meio de uma virgem folha apenas para nos lembrarmos da sua força.
Volta e meia, meia volta, estou por aqui.