3 de março de 2015

a contas com as contas.

Preocupada com a idealização daquilo que nem sei bem ser, acho que sou bem capaz de ter perdido grandes oportunidades de encontrar um rumo fascinante. Ou então estou encaminhada, como suposto, nesta vida de procura pelo que devo ser, pelo que devo ser de forma absolutamente excepcional.

Cresci com esse mandato em mente, de buscar sempre mais do que o suficiente, em ser mais e maior, em buscar o que vem depois do muito bom, em exigir mais de mim, em não aceitar o que ganhei hoje.

Mas a par disso talvez, talvez me esteja a armar numa onda de auto-análise, embora nem saiba bem se isso é possível, me tenha perdido na insegurança de não ter o que é preciso. De não ser o que é preciso.

Se for advogada, vou ser justa, dura e imparcial que chegue? Se for escritora, vou ser poética e fora de série? Se for jornalista, vou saber fazer as perguntas certas? Se for gestora, vou ser objectiva e ambiciosa o suficiente?

Ou nunca quis nada o suficiente para ser o que era preciso ser?

Faço demasiadas perguntas, na certeza de as ver certeiras, e não encontro nunca uma resolução que seja capaz de me avassalar o mundo redondo, de me deixar a contas com a mudança que sei ter de fazer.

Se tudo é uma possibilidade, porque não agarrar qualquer uma e decidir logo depois?
Porque é que deixei o medo de não ser excepcionalmente grandiosa, tornar-me num ponto intermédio, intermitente e assustado, sem certezas do caminho a seguir e ainda assim, sem seguir sequer?

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